terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Especial de Fim de Ano do Acústico: Retrospectiva 2009

" Viver é afinar o instrumento de dentro pra fora de fora pra dentro. A toda hora a todo momento.
Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo"
(Walter Franco, claro)
A curva generosa da compreensão passa pela minha geração que cresceu ouvindo beleza ( no rádio, nos discos, nos bares, nas ruas brasileiras. Aproveitando: nunca entendi porque o Gil perdeu a oportunidade de colocar nessa letra que " o verdadeiro amor é são"...:) De qualquer forma, essa musica me dá forças. Você nunca dormiu numa caminha dura que se transforma numa cama de tatame pela vida afora? Eu acho explendorosa essa alegoria. Esses versos não são metáforicos pois são muito complexos para tanto. É mesmo uma alegoria. Dessas que curam. O dia que você considerar sua dura caminhada como um tatame sua vida vai ter outra coloratura, outro jogo de cintura: é muito gostoso...:)


...que doçura de versão que só podia nascer da e na Bahia: ( "-Bem bom viver". Verdade, verdade. Essa canção, como tantas do Timbalada, possui a alegria e a ingenuidade necessárias nos pequenos momentos. Estar vivo para passear de mãos dadas é bom demais...)




Não sei se vocês esqueceram mas não custa relembrar que sou fã número um do Roberto e essa é minha canção preferida. Me emociono com a possibilidade de sentimentos limpidos e de quem acredita -ainda- no amor. Daí o carinho por essa letra. Adoro versos como " eu não vou saber me acostumar sem tua mão para me acalmar" ou " anjo bom amor perfeito no meu peito". Se você nunca, nunca, nunca, foi despertado por uma canção do Roberto, sinto por você nunca ter experimentado a simplicidade das coisas boas, a bondade das coisas simples. Praticamente um Manuel Bandeira de microfone esse Roberto Carlos.:)


hum...a canção abaixo eu ouvi até rachar nesse 2009. Era chegar em casa, ligar no Youtube e tomar banho dançando e rindo; talvez porque a Bahia já me deu régua e compasso para eu viver aqui em Jerusalém. Acho que é isso:)
Fecho minha restropectiva do ano sutilmente com minha canção "confesso", com a canção que é a minha " cara", com a canção que fala da minha alegria em estar aqui em Israel, entendam como quiserem mas é meu hino aqui e me agrada a possibilidade de dividi-la, enfim, não posso não me permitir a alegria que sinto por ter chegado até aqui, da maneira que eu sei, rindo.:)

domingo, 27 de dezembro de 2009

Porque somos poeiras de estrelas

a luz do que termina, continua...um feliz 2010 para todos os pacientes leitores do acústico!

( a música abaixo é de uma flor de compositora israelense chamada Daniela Spektor e fala sobre isso...estrelas estão mortas mas sua luz continua...essa doce música tem sido meu fundo musical já faz um mês mais ou menos...:)


ביצוע אקוסטי לשיר היפיפה

הכוכב הזה מת / מילים ולחן: דניאלה ספקטור

הכוכב הזה מת
אבל רואים אותו כאן
הוא כבר לא באמת
אבל האור שלו לא נעלם

הוא בדרך אליי
רק לוקח לו זמן
הכוכב הזה מת
אני רואה אותו

הלילה

אתה אומר לי דברים
בסוף תשכח גם אותי
לא זה לא משנה
לא זה לא משנה

אתה אוהב אותי
ולוחש לי מילים
לא אכפת לי דבר
לא אכפת לי דבר

הלילה
לא איכפת לי דבר
לא איכפת לי דבר

הכוכב הזה מת
אבל רואים אותו כאן
הוא כבר לא באמת
אבל האור שלו לא נעלם

גם אותנו רואים
במקומות אחרים
האור שלנו ממשיך
אנחנו נגמרים


הלילה

אתה אומר לי דברים
בסוף תשכח גם אותי
לא זה לא משנה
לא זה לא משנה

אתה אוהב אותי
ולוחש לי מילים
לא אכפת לי דבר
לא אכפת לי דבר

הלילה
לא איכפת לי דבר
לא איכפת לי ד

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Entrevista com Jusberto Cardoso Filho, poeta querido de Ouro Preto




Fonte: uZina, Marta Rezende.




Quando um muro separa, uma ponte une


Marta Rezende – Você contou que estava lendo O muro, do Jean Paul Sartre, e isso nos
inspirou o mote para a entrevista. Qual é o muro que separa a poesia?

Jusberto Cardoso Fº - Esse conto do Sartre aborda a dificuldade do homem moderno
tomar decisões. É realmente dramática essa questão, assim como são dramáticos os
muros que separam a poesia, como a censura. Mesmo não havendo a censura explícita,
há a censura velada e ela se manifesta de vários modos. Por exemplo, a dificuldade para
a poesia ter acesso aos meios de comunicação. Editar um livro atualmente é muito caro,
distribuí-lo e divulgá-lo são tarefas árduas muitas vezes. Há também a censura quando a
poesia fere algum interesse, econômico, político, social ou qualquer outro tipo de
interesse. A poesia jamais perderá o aspecto marginal, marginalizante.

M – E as pontes que facilitam a vida da poesia?
J – Teremos agora a Academia Ouropretana de Letras que esperamos ser uma bonita,
resistente e agregadora ponte. Uma ponte importante no mundo contemporâneo é a
internet que contribui muito para a interação entre poetas e desses com os leitores e para
a divulgação da poesia, o que é importante pois possibilita mais gente ler e produzir
poesia. Apesar do risco de banalização, creio que a poesia não perde o seu potencial de
resistência. Ao mesmo tempo em que a poesia é badalada, alguns poetas como parte
dos círculos de poder, ela tem o papel de resistência, como fizeram os poetas
inconfidentes e outros tantos fizeram e fazem.

M – A filosofia está muito presente nos seus poemas. Por exemplo, o poema Depois
das horas pode ser remetido à idéia “Eu sou corpo, por inteiro corpo e nada mais”, do
Nietzsche.
J –.Já ouvi gente classificar meus poemas de filosóficos e também de concretos.
Concreto porque há um hiato entre a coisa e a palavra, a palavra como símbolo. Mas a
palavra pode também expressar pensamentos. Pensar e filosofar estão intimamente
ligados.

M – Por outro lado, seu poema Gerações feridas diz "Ideologias e filosofias tornam-se
muito arcaicas".
J – Esse é um poema que fiz na adolescência que acho muito maduro e atual, pelo fato
de que hoje há uma crise de ideologias, descrença na política e crise de valores.
Filosofias consagradas por muito tempo também são superadas, mas sempre aparecem
novas referências, novos conceitos filosóficos.

M – Já em Paris Texas, é a presença do cinema, da imagem, conduzindo o poema.
J – O cinema está muito presente na poesia contemporânea. Um mar de imagens. Há
críticas a essa tendência da imagem tomar conta das artes, do risco do vazio que as artes
correm ao se aproximarem da publicidade. Mas, há idéias que só a palavra é capaz de
expressar. Quanto a Paris Texas, tentei expressar o que entendi desse filme badalado,
que fala sobre um caminho sem fim, e sua belíssima música.

M – Sua poesia está muito antenada com o tempo presente, com as angústias do homem
contemporâneo.
J – Com a angústia da “modernidade líquida”, como conceituado pelo sociólogo
Zygmuth Bauman. Líquida porque as relações estão cada vez mais fluídas,
inconstantes, móveis.

M – Você organizou a mais completa antologia de poesia sobre Ouro Preto (Antologia
poética de Ouro Preto). Qual a importância desse trabalho?
J – O livro reúne poetas de primeira grandeza com 85 poemas inspirados na cidade. A
principal importância é que cada poema foi muito bem escolhido, cada poeta
selecionado conta com obra fortíssima. É o caso não só dos mais conhecidos pelo
grande público, mas também de outros menos conhecidos, mas também excelentes
poetas.

M – Ouro Preto exerce forte atração sobre os poetas de fora, além de contar a cidade
com rica tradição de produção poética local. .Ao seu ver é a paisagem que propícia
isso?
J – A paisagem tem seu importante papel, mas a própria história da cidade suscita
poesia. A paisagem e a história levam a gente a querer poetizar.

M – Você nos disse está com tudo pronto para a segunda edição da Antologia. O que
muda?
J – Entram mais poemas, totalizando agora em torno de 100. Deve sair em breve,
provavelmente por uma grande editora do país.

M - Como anda sua produção poética atualmente?
J – Além do livro Ponto, publicado, vou publicar em breve Inspiração arcádica e
outros poemas. Tenho mais dois prontos, Pensamentos poéticos e Poesia sempre.

M- Para fechar, fale um poema seu que remete aos muros e também às pontes.
J – Poeternizar que alinhava perspectivas, que podemos dizer serem pontes, e também
do mal estar da civilização, muitas vezes decorrentes dos muros que impedem ou
dificultam os encontros.

Poeternizar
agulha e fagulha
ponto a ponto
alinhavando perspectivas
com a tesoura de ouro
como um alfaiate
teço a fímbria de meu tecido
tecido hemacitopoiético
para sempre
no mal estar da civilização


Jusberto Cardoso Filho é natural de Ouro Preto, MG. Formado em filosofia pela
Universidade Federal de Ouro Preto, é organizador da Antologia Poética de Ouro Preto,
1ª edição, 1995 (premiado pela União Brasileira de Escritores, Rio de Janeiro,1997),
Antologia Poética de Ouro Preto, 2ª edição (a ser publicado em breve) e autor dos
livros de poesia: Ponto (1999), Inspiração Arcádica e outros poemas (no prelo),
Pensamentos Poéticos e Poesia sempre (ambos, aguardando publicação). Participa de
Poetas del mundo e Cadernos Literário Pragmatha.
Para ler os poemas do Jusberto citados nessa entrevista, clique em:
http://www.poetasdelmundo.com/verInfo_america.asp?ID=5249