Portrait Eduardo Weisz at Hebrew University
Às oito da manhã em ponto, na praça Edmond J. Safra no campus de Givat Ram da Universidade Hebraica de Jerusalém, em frente a larga fonte despejando fios de água, Eduardo Weisz me esperava de sandálias croc marrom, calças pretas, mãos no bolso, camisa branca, e, solidéu colorido na cabeça. Era o começo de uma manhã cuidadosa em não colocar nuvens brancas no azul. Durante cinco horas Eduardo, o Weisz, fez tudo o que eu deveria fazer: fotocopiou meus diplomas, imprimiu e encadernou minha tese de mestrado, pagou uma fortuna por tudo isso - observando que era um presente- andou de lá para cá, perguntou aqui e acolá, conversou, questionou e agradeceu secretárias, sentou-me para o café das dez, repartiu o hummus com pita e brachá do almoço das doze, explicou-me todas as bolsas de estudo, um pouco de Kierkegaard, o caminho da minha próxima casa e me despediu, quando tudo pronto, com o empréstimo de livros que eu deveria ler, a única exigência que fez nessa manhã talmúdica, finda nos dois livros que carreguei nos braços como se o universo fosse, definitivamente, manso, redondo, confortável.
Eu nada fiz por mim. Nem um sopro de vento nessa manhã macia em que começou o meu processo de doutorado na Universidade Hebraica de Jerusalém, locus amoenus.
Um comentário:
Um sentimento confortável me invadiu, um lugar que não conheço se tornou familiar, abri um livro, a Antologia Efémera de E.M.de Melo e Castro e li:
"iniciado o movimento rotativo
é difícil para no descrever de uma só revolução
...
nunca uma revolução é só uma"
Beijo.
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