sábado, 24 de outubro de 2009

Festival de Fotografia Artistica: Israel 2009


Hoje eu e a Ana Villanueva colocamos a conversa em dia. Aliás, desde ontem estamos fazendo isso. E, claro, esgueladas de tanto rir e refletir a cada bobagem, comentávamos sobre o sacrifício que é ser viciada em trabalho. Contei, então, que, essa semana, entre mudança de casa, trabalho e uma otite que (quase) me derrubou, consegui fazer uma conta que tenho evitado, ou seja, a lista dos meus afazeres: nove trabalhos, um doutorado, um msn, um skype, um facebook, dois blogs ativos, um namorado e uma mãe. Isso não tem importância; o que importa, e disso conversávamos, é que uma hora e meia sem fazer nada, é o suficiente para que eu fique perdida, desesperada. Conversávamos sobre um vicio apenas inteligível para quem é viciado: não saber parar, não saber não fazer nada. Assim, o vicio possui requintes: só posso descansar, trabalhando, ou seja, pensando ou ganhando enquanto estou parada. E tem mais: o dia começa às cinco e meia da manhã porque senão não dá tempo para fazer tudo e arranjar afazeres a mais.

Telefone e internet ligados full time, principalmente enquanto durmo, porque acordo de vez em quando para checar o que está acontecendo e sempre está acontecendo alguma coisa. Arranjei dois fusos, dois horários e trabalho em dois lugares, Brasil e Israel. Tudo organizado. Nem uma linha fora do lugar. Todos os compromissos sempre em dia. Eu acho que faz parte da agenda dos viciados em trabalho uma organização maníaca, insuportável para os demais. Dividir quase uma dezena de tarefas, a maior parte delas, intelectuais. Dois computadores e uma vida nas nuvens. Mas preciso de um hd externo, e, mais uma vez descubro que, empurrar com a barriga a compra de um Mac, só atrasa a qualidade do meu trabalho fotográfico. Vou para três notebooks logo, logo. Tenho muitos amigos e converso regularmente com todos. Mas encontrar, almoçar, sair, ir ao cinema, viajar, nem pensar. Desorganiza. E dá-lhe telefone, conta para mim muito mais importante do que a do supermercado. O namorado, o Samir, é viciado em trabalho também. Nos encontramos nas arestas e pelas frestas. Agora, por exemplo, estou faz meia hora caindo de cansada, mas é cedo, são apenas nove e meia da noite, e não conseguiria dormir sem postar o comentário de sábado do Acústico Jerusalém, dia da mudança do post. Sou, sem tirar nem por, o coelho da Alice.

A mudança para a nova casinha foi cronometrada também. Lá pelas tantas já estava na casa nova, sendo que a ultima coisa desligada na casa antiga foi o computador e a primeira ligada no novo lar. Entre caixas, sacolas, sujeira: trabalhando, escrevendo, enviando escritos, emails e arrumando armário e limpando a casa. Fichinha. Mas uma dor de ouvido me derrubou e eu pensei, claro, faltava isso. Aprendi ( não me lembro se em algum livro, se no psicoterapeuta corporal, se no acupuntor, ou se foi na praça da Benedito Calixto ou na cerveja do bar da esquina) que quando você precisa parar e não pára o corpo dá um jeito de avisar. Acho que é uma coisa meio Yunguiana, lembrando melhor, acho que li no "Homem e seus Simbolos" quando era adolescente e tinha tempo para esse tipo de leitura. Então, comenta Yung, você é pego de surpresa e o corpo é afetado. Aprende a parar na marra.

Mas como eu comentava com a Ana Villanueva, nós, somos já doutoras em polianagens, em limonadas e limões; resolvi, então, que era hora de estudar as farmácias de Jerusalém em busca de um antiinflamatório. E lá fui eu, inchada, mal podia andar de dor, mas fui. Claro que isso depois de um dia e meio com dor e fazendo mudança. Eu achei que a dor ia se resolver sozinha. Não resolveu. O resultado é que agora já sou graduada em antiinflamatório israelense, anota aí, Ibuprofen e Nurofen, equivalem ao Ponstan. Resolvem dor muscular também mas não são iguais ao dorflex. O Acamol, remédio que é praticamente uma gíria aqui, é o equivalente da aspirina, um analgésico. "Você tem uma dor de cabeça?" "Tome um Acamol". Li tudo sobre os remédios na wikipédia. Já sei todos os equivalentes básicos. Anota também: enquanto você sente dor você deve continuar trabalhando e sempre responder que está tudo bem quando as pessoas perguntam como você está. Faz parte da lista dos viciados em trabalho.

Mas comecei esse post porque queria falar sobre a exposição de fotografia de Arte que fui convidada, como premiada lá no penúltimo post, pelo curador, o Leonid Padrul. Tudo bem, tudo bem, vamos expor em Israel, pontos para a viciada em vencer que compete com ela mesma. Mas o que eu queria comentar é que o Leonid Padrul é um superbaitahiper fotógrafo, russo e israelense e queria convidar vocês para conhecer o trabalho dele que, como todo bom profissional, descobriu o trabalho alheio e tratou de me procurar além de arranjar um tradutor cubano, que traduziu a conversa do russo para o espanhol, apenas para me dizer que era curador do festival de foto de arte de Israel e que queria expor meu trabalho. Gente bacana, vocês sabem, que alargam a vida e possuem vida larga, ampla e expansiva possuem espaço garantido aqui no Acústico. Vão lá no site do Leonid Padrul que o cara é fera mesmo e agora meu curador , em todos os sentidos:








sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Mudei de novo!!! Eba!!!!!!!!!!!!





"Mudei e vou mudar enquanto não morrer" (Taiguara)

Então, queridos e queridas, mudei de casinha aqui em Jerusalém. Perdi a conta se essa, agora, é a décima ou décima segunda na vida, mas é a terceira casinha aqui em Israel. Sempre para melhor porque você sabem, a minha vida só anda para o futuro...:) Espero visitas, e, logo, antes que eu mude de novo, claro! ;)





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sábado, 17 de outubro de 2009

Prêmio de Fotografia




Pois então: aquela história do post passado resultou que ganhei o prêmio máximo da secretaria de Cultura de Jerusalém. Na carta está escrito, após quatro traduções amigas, que eles consideraram a minha apresentação do ensaio fotográfico "zé mitztaien bimiuchad", ou seja, particularmente excelente, acima da média, o melhor de todos, excepcional, por isso me concedem o prêmio máximo, sendo que os adjetivos a mais ficam por conta dos amigos que conhecem como se dá o processo de conhecimento no meu cérebro, melhor, no meu ego. Mas, a verdade é que é verdade: o melhor de todos os apresentados. Adooooro ser "maaara"! ( e isso também é mais que verdade, não é? )
O engraçado é que ninguém sabe quando vou receber nem quanto é o prêmio. Achei divertido: talvez em dezembro, talvez em janeiro. Mas quem precisa receber prêmio? oras, a carta já vale, posso por aqui no blog, vocês podem saber, esse é meu prêmio, compartilhar vitórias.
Ainda não posso postar o ensaio fotográfico para o publico mas está lindo. O ensaio "Jerusalém: uma cidade, três religiões" ganhou pesquisa e tratamento literário do Djabal ( Erwin Maack) que forneceu sua incrível inteligencia para contextualizar as fotos conforme o livro da Karen Armstrong.
Mas voltando ao prêmio me senti meio que naquela campanha do Mastercard e montei uma prá mim:

Material fotográfico: 13.000 euros
Dois sapatos croq gastos: 300 reais
Ganhar o primeiro lugar de um prêmio que você não sabe quando nem o valor: Não tem preço

;)
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sábado, 10 de outubro de 2009

Jerusalém: uma cidade,


três religiões. Esse é o título do ensaio fotográfico que apresentei para uma comissão da secretaria de Cultura de Jerusalém. Um ano de ensaio fotográfico, trinta anos de leitura nos olhos, nas costas dos olhos. A recepção foi muito, muito surpreendente. Ouvi vários "Óóósss" e "Aaaaaaaah" quando as fotos foram colocadas na ordem da exposição. Não calculei que as fotos iam causar tanta surpresa, mas depois, voltando a pé para casa, comecei a pensar que eles, os da comissão, tinham razão pelo impacto. Fotografei Jerusalém com muita intensidade, horas e horas nos mesmos lugares, voltando dias e dias para as mesmas pessoas e cenas. Sol a pino, croqs gastos, inverno queixoso, um ano. Não poderia produzir coisas básicas com tamanha dedicação. As fotos estão lindas e depois de reveladas, em grande formato, fiquei com lágrima nos olhos. Pura emoção. Era além de mim, além da minha narrativa, além dos meus olhos: era Jerusalém.

Mas, tudo bem, enquanto espero a resposta sobre a exposição em Jerusa, preparo mais duas pastas de apresentação do ensaio. Estou literalmente moída com tanto trabalho mas quem espera para ver meu ensaio fotográfico sentada na mesa de casa ou do escritório é nada mais, nada menos que a Karen Armstrong, autora do livro que me guiou e inspirou o ensaio. Sim, nos falamos essa semana. Karen espera meu ensaio fotográfico em Londres. Veja bem, ela, enquanto autora, guiou meu ensaio. Sem ela, ele não existiria, e eu, bem, eu seria bem mais ignorante sobre a história de Jerusalém sem os livros da Karen Armstrong.

Mas não só. Também preparo uma pasta carinhosa para o Moacir Amâncio, poeta e crítico, bom das vistas, das cores e um grande conhecedor de Jerusalém e da cultura judaica. E, vamos ver se consigo uma exposição no Brasil. Sinceramente, eu sempre tenho esperança de fazer alguma coisa no Brasil mas eu faço um esforço enorme para não entender porque há sempre espaço para mim no mundo e o Brasil nunca consigo ter tempo ou lugar . E, então, contribuinte da saga dos Luizes Costas Limas e dos João Hansen, vou seguindo reconhecida e respeitada em outros lugares , menos no Brasil, onde basicamente, não existo, nunca existi. Mas eu tenho esperança. Tenho esperança no Brasil. Bom lugar para olímpiadas sendo que fica a desejar quando se trata de fortalecer músculos intelectuais ou os ouros do intelecto.

Além da dor nas costas hoje acordei com a noticia do ano, uma passagem intensa de Amilcar Torrão por essas bandas. Agora sim poderei compartilhar Jerusalém com um historiador de cidades. Jerusalém, a retórica da cidade, é fundamental para se caminhar, melhor, voltar para nossos caminhos historiográficos. Durante a estadia de Amilcar aqui, não farei mais nada há não ser acompanhá-lo e deixar-me surpreender, de novo, pela cidade, que não se desloca jamais dos livros. Jerusalém, cidade-livro. Amém.


segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Samira, a gata. Yossef, o gato

Samira, raro momento, nunca se deixa fotografar. Saboreando seu leite
 


Yossef: posa sempre, adora a máquina e observar dentro de casa.
 
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