segunda-feira, 31 de agosto de 2009

sábado, 29 de agosto de 2009

"Cafézinho"



Ontem fui à casa do Yehuda Cavalli tomar café importado do Brasil já que ele estava achando essa história uma novidade e tanto, isto é, uma das maiores fabricas israelenses fazendo uma linha de pó de café estrangeiro. Pois fui, então, experimentar.

O Yehuda, enquanto eu iniciava o café, fez uma prédica sobre a propaganda que passa na televisão aqui em Israel. Pelo o que eu me lembro, um homem pulava de paraquedas em Salvador, no pelourinho, lotado de baianas e toma seu café. Ou algo assim. Antes: antes ele havia pedido para a aeromoça um café forte, com energia, com sabor, se anima nessas palavras, levanta da cadeira, a porta do avião abre espetacularmente, e, nosso modelo cai de paraquedas em Salvador.


Obviamente que meu amigo Yehuda, paulistaníssimo, criticava com razão o por que dessa imagem de Salvador, como se Salvador fosse a "cara do Brasil" com o pelourinho, lindas casinhas coloridas coloniais e enormes baianas negras com dentes e saias brancas girando sorrisos e doces tabuleiros.


Pois é, pensei, enquanto meu amigo Yehuda se indignava com essa imagem, o fato é que essa é uma boa imagem do Brasil: as baianas sorriem mesmo, requebram os babados das saias de tão contentes, o pelourinho é um dos poucos lugares que está completamente restaurado no país, e, por isso mesmo, digno de se mostrar, e os negros de Salvador são fortes e dão vitalidade de presente.

Que outra imagem teria do Brasil com essas caracteristicas juntas? Não ficararia bem para o Café Elite mostrar a Baia de Guanabara e o Cristo Redentor na televisão abrindo os braços para os israelenses e o lado europeizado do Brasil, São Paulo para baixo, é branco demais para simbolizar a energia negra do café brasileiro que a fabrica israelense quer vender.


Hoje quando acordei, Yehuda continuava a sua saga com o café brasileiro, para minha diversão. Vejam só que belo email sobre indignacação e café brasileiro:

"Na embalagem da nova linha de cafés de boa qualidade da Elite... no rótulo da parte de trás do que eles chamam de Kafé Brazilai (Café Brasileiro), vem um texto falando sobre o café do Brasil e há o parágrafo abaixo:

"יש אומרים שברזיל פועלת בכוח טעמו המלא העשיר של הקפה הנמכר ב'קפיזיניו', עגלות הקפה העומדת בכל פינת רחוב. אלו הן תחנות אנרגיה, מניעות את הערים הסואנות והתוססות של ברזיל."

"Há quem diga que o Brasil funciona com a força do rico e completo sabor do café vendido no 'Cafézinho',carrinhos de café parados em todas as esquinas. Eles são estações de energia, uma prevenção das cidades tumultuadas e agitadas do Brasil."


SÉRIO!!! Aonde a pessoa que escreveu esse texto foi? Eu sei que não conheço muito o Brasil, mas existe algum lugar que tem carrinhos/barraquinhas (igual de feira, pois é assim que eles mostram no comercial de TV!) chamadas "cafézinhos" em cada esquina???"

Yehudá Cavalli.



quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Portal Judaico

Dia 14 de Setembro é a inauguração do Portal Judaico na internet. Estréia junto minha coluna semanal de crônicas "Jerusa: além do que acontece no meu coração". Estou muito animada com o compromisso de escrever toda semana sobre as minhas pernadas sem fim por aqui. Vou escrever sobre a vida ao rés do chão em Jerusalém. E obviamente quero agradecer à Marylin Prado pelo convite e pela paciência que ela teve em, candidamente, durante meses, me convencer a aceitar a coluna. Admito que não facilitei mas ela é boa de conversa. Que paciência que ela teve com a minha majestade, uau...;)

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Parabéns, Paulo!

Hoje é aniversário do meu amigo Paulo Coelho que compartilha vida longa com milhares e milhares de pessoas:

sábado, 15 de agosto de 2009

Nem luxo, nem Lixo



Sim, o assunto é lixo, coisa que me encanta desde que cheguei aqui em Jerusalém. Fiz algumas fotos do Jardim comunitário atrás da minha casa ( video acima), encantada que estava, e, ainda estou: sou frequentadora assidua da pracinha e as lavandas de um azul lilás cheiroso que enfeitaram as janelinhas da minha casa durante todo esse verão foram colhidas nela.
Além das caixas de lixos colocados em cada esquina há os murinhos dos prédios. Difícil é caminhar e não encontrar um murinho de pedra onde não haja algo que alguém deixou ali para quem queira. Sim, algo como "eu não quero mais mas pode ser que você queira", é a lógica. Foi assim que adquiri os vinte vazinhos que decoram minhas janelas, meu ferro para passsar roupas, meu criado mudo azul turquesa, as almofadas para encosto que compuseram meu sofá, a cestinha de palha onde coloco bujigangas, e, meu rádio-Cd que na semana seguinte da aquisição no murinho ao lado do lixo vi exposto igual em vitrine de loja. Sim, é tudo novinho, tudo em funcionamento perfeito. É feio deixar no murinho coisas impossiveis de uso, não faz parte da civilidade, ela existe por aqui.
Minha amiga sobre conversas de murinhos em Israel é a Ilana Bekin afeita à reciclagens de lixos que ela transforma em luminárias. Se tem algo que me encanta aqui são os livros deixados . Os ex proprietários espalham carinhosamente nos murinhos para que os títulos sejam mais visiveis: você quer, você pega, é seu.
Outro dia, numa caminhada, encontrei um murinho onde carinhosamente se organizavam chapéus-todas as cores- e lencinhos de seda generosamente dobrados. Também o vasculhei, como todas as mulheres que passavam por ali, e deixei como encontrei: todo arrumadinho como se fosse uma gaveta aberta para a rua, para o céu, para o outro.
Ontem, na volta do nosso tradicional jantar de Shabat na casa do Yehudá, deparei com uma kum-kum, a palavra hebraica que designa a garrafa elétrica para ferver a água do café, do chá, toda pia possui uma, é costume aqui. Hoje, não saberia mais viver sem uma kum-kum, ela facilita a vida e não entendo como até chegar em Israel pude sobreviver sem esse utensilio fundamental que faz café sempre na hora. Garrafa térmica é coisa do passado. Mas eu deixei a Kum-kum que encontrei ontem onde estava. Tenho a minha. Não preciso.
Ninguém aqui tem vergonha nem de deixar nem de pegar as coisas. Simples assim: civilidades. Quero saúde para gozar no final.






sábado, 8 de agosto de 2009

Constelações Familiares*


(*Constelação Familiar é um método psicoterapêutico recente, com abordagem sistêmica fenomenológica, de fundo filosófico, desenvolvido pelo filósofo e psicoterapêuta alemão Bert Hellinger.Hellinger desenvolveu seu método a partir de observações empíricas, fundamentadas em diversas formas de psicoterapia familiar, dos padrões de comportamento que se repetem nas famílias e grupos familiares ao longo de gerações.Fonte:Wikipédia, a enciclopédia livre.)

Desde 1994 que monto e desmontos casas. Sempre, sem esquecer nenhum detalhe. Tenho uma companheira enorme nessa saga que partilha comigo caixas, durex, caminhões, guarda-coisas, Ana Lucia, minha mãe, que é só eu falar que "acho que vou mudar" que ela aparece de onde está. Antes, soltamos boas risadas. Ela gosta. Eu também. Rimos muito nas mudanças, todas, lógico, simbolizam alguma perda com ganhos futuros nem um pouco previsiveis. Algumas vezes, muitas, eu nem participo da mudança. Vou embora e ela cuida de tudo. Reclama muito pouco, apenas comenta rindo: "quem pariu Moisés que o embale". Minha Tia Maria Lucia, filha de Eunice, irmã do meu avô, é igualzinha, e embala também as mudanças dos seus Moisés, Luciano, Ricardo e Guilherme Gama Ramalho, sendo que, a expressão "ter rodinha na bunda" é comumente usada em encontros familiares, sempre muito divertidos, porque todos os citados acima são piadistas e alegres.

A verdade verdadeira- para usar uma expressão do meu avô Mauricio Loureiro Gama- é que enjoamos das casas e da disposição das coisas. A casa da minha mãe na Mateus Grou está sempre em reforma. Ela cansa, eu também. Ela sabe que herdei esse gosto pelas mudanças através da nossa convivência. Ela mudou pouco de casa e de endereço quando comparado a mim mas , em compensação, nunca parou de mudar a casa inteira nos minimos detalhes. Temos, obviamente, histórias hilárias, como, por exemplo, quando minha mudança para a casa da Paes Leme, em Pinheiros, culminou com minha mãe desmontando o apartamento do guarujá e a casa da minha avó teia; após tudo arrumado, foram dias, me dei conta que eu possuia oito bandejas, quatorze cadeiras, duas geladeiras, aparelhos de louça para todas as ocasiões, tudo triplicado. Eu liguei para minha mãe e ela morria de rir. O resultado dessa história é que aos poucos fomos montando a casa de muita gente, como o Maestro Luciano, através da Neusa Romano e do Mauricio Negão, que, ficaram chiquéssimas e toda vez que os encontrava, eles lembravam, tiravam sarro das bandejas que impressionavam, coisas assim. Era divertido.

Do ano de 1994 até hoje, 2009, foram dez casas. Dessas, apenas duas eu encontrei sozinha: a que moro agora e a da Alziro Prates na Bahia. Um verdadeiro feito heróico para mim porque na verdade nunca precisei me preocupar muito com isso já que minha mãe procurava e achava as casas para mim e apenas me telefonava para ver se eu aprovava, se estava do meu gosto. Em muitas, eu impunha condições: sala grande ou janelas de ponta a ponta, ou paredes brancas ou assoalhos. Dependia da minha fase na época. Minha mãe entendia e atendia. Atordoava os proprietários com o seu magnâmico discurso e presença.

Outro dia ela me disse que viria para cá, Jerusalém me visitar. Eu, então, pedi para ela esperar um pouquinho porque, provavelmente eu vou mudar do studio onde estou morando e quero ter o prazer de que ela venha para me ajudar na mudança, pois, merecemos uma apuração internacional, depois de tantos anos. Não tenho quase nada aqui comparado as minhas outras todas casas. Em olha à volta e me pergunto como consegui acumular tanta coisa desde Janeiro, mês que mudei para cá, mas mesmo assim é uma mudança simples, como riu minha mãe ao telefone, me dizendo que essa é fichinha.

Perdi a conta de quantos ventiladores e ferros e liquidificadores e batedeiras comprei e doei nessa vida. Sempre rindo, principalmente quando tenho que comprar de novo, seja porque muda a voltagem e eu não sou a pessoa mais atenta do mundo para conviver com transformadores, seja porque não posso carregar peso na mala. Seja lá pelo que for e em que fase ou cidade ou pais me encontro uma coisa é certa: a cada nova reaquisição sinto que a vida é farta para mim, esteja eu com dinheiro ou não. Fartura nada tem a ver com dinheiro, assim como conforto e beleza depende somente de boa e muita vontade. Não está na prateleira.

Claro que tenho muita coisa espalhada pelo mundo. As pessoas se disponibilizam para a sentinela do que foi meu. Por causa disso, a parte mais intensa das minhas mudanças todas, é deixar exatamente o que a pessoa deseja ou necessita para guardar para mim. Eu nunca mais volto para pegar, claro está, e dependendo da dimensão da coisa fica por conta da minha mãe idas, voltas, carretos. Eu já não estou por perto e mesmo se estivesse seria por conta dela. Ela gosta. Eu também.

Sim, eu herdei dela o gosto pela coisa mas fui uma edição revista e aumentada. De quem, no entanto, minha mãe adquiriu a veia pelas mudanças? Por um lado, tenho certeza de que foi pela Vó Teia, mãe da minha mãe. Afora inicio e fim da vida, minha avó, muito discreta e elegante, nunca conseguiu parar muito tempo dentro de casa. Arranjava desculpas belissímas, arrumava a malinha, pegava a "jardineira" na rodoviária e partia linda, alegre, cheia de saúde para várias outras casas, como a do meu Tio Mauri em Tupã, a de amigas dela em Campinas, na da minha mãe em São Paulo e no casarão em Tatuí. Ela fazia visitas de uma forma tal que nunca passava mais de seis meses no mesmo lugar. Precisava sair e saía. Era sempre desejada e querida nos lugares. Depois que partia era rodeada de telefonemas de "quando você volta, Stellinha?".

No entanto, eu creio que minha mãe herdou muito do gosto pela mudança, pelo lado do meu avô, Mauricio, pai dela. Durantes anos escutei e internalizei que, se a familia tinha imóveis, era por esforço e obra da minha avó Teia com a economia do dinheiro ganho do meu avô Mauricio, que cá entre nós, possuia, além do garbo e da beleza, uma máquina de escrever e oito empregos.
Este homem, este meu avô Mauricio, de quem eu herdei sem sombra de dúvida, o vigor e a pândega de viver a vida sem aborrecimento, sustentou e amparou, com sua Remington, duas familias: uma, a nossa, que era constituida de minha avó Teia, tres filhos e seis netos. Meu avô ajudou todo mundo a ter casa em vida e em morte também, além de muita coisa que alguém quer ter dentro dessa casa, a saber, quase tudo que fica dentro da geladeira e a volta dela como piscina, sala, armários com roupa, sala com móveis, grama, cortina.

A verdade verdadeira é que nenhum de nós, em escala, jamais fomos tão brilhantes quanto ele, que por sua vez, adorava ser generoso com os que dependiam dele, isto é, todos da familia, incluindo os agregados, genros e noras. Cada um de nós na familia temos uma qualidade ou um defeito que vem dele mas somente ele condensava, espetacularmente, todas as virtudes e defeitos, que emanavam da sua pessoa. Quem teve o privilégio de conhecer meu avô sabe exatamente a que estou me referindo: meu avô era um homem bonito, impecável nos ternos, inteligente, bem sucedido e como se não bastasse essa conjunção favorável, era um homem importante, famoso, alegre e generoso. Sim, ele não era nada humilde mas quem é que pode ser humilde dormindo e acordando com tamanhas qualidades todos os dias? Ninguém que conviveu à sombra da luz do Mauricio pode ser humilde ou chorão mas nós todos nos tornávamos humildes quando ele estava por perto. Não havia outra realidade. Ele era melhor que todo mundo junto. Era fato. E então cuidava de todos como um rei cuida do seu reino. Por conta disso, apesar de humildes, levamos todos uma vida na realeza, no castelo que meu avô mantia para a familia dele.

Mas havia outra familia. A que nos ensinou o tabu. Meu avô possuia outra mulher, que por sua vez tinha três filhos que não eram dele, acho. Mas ele criou, ajudou e sustentou todo mundo por lá também. Assim como nós, ali ninguém era humilde. Ao contrário, todos da outra familia do meu avô, descendiam de nobre nome da imigração italiana da década de vinte. Essas crianças da outra familia cresceram com a presença do meu avô na casa delas. Depois, quando adultos, viam ele como a um pai, também brilhante, também importante, também incontestável, exatamente como nós.

Mas meu avô, esse ser inquestionável, jamais teve uma casa própria embora tenha dado casa para todo mundo. Ele simplesmente não quis o que não é a mesma coisa que não precisar. Ele não precisava também. Meu avô vivia a vida com um olhar acima das necessidades básicas e conhecia todas elas: veio de familia muito, muito pobre, coisa que não foi o suficiente para afastar dele a fartura da vida que foi farta para ele em tudo: amores, dinheiro, mulheres, festa, consagração, familia, e muita, muita dança, musica, trabalho e alegria. Sim, ele partilhava e dividia tudo isso. Tirando os ciumes e acessos doentios das mulheres da sua vida nunca soube de outro problema do meu avô. Nunca o vi chorando e só depois da sua morte, quando eu não conseguia me encaixar em algumas situações na minha vida, é que percebi que convivi a minha vida inteira com um homem, ele, que eu nunca ouvi reclamar de nada. Sim, era esse o segredo dele, o que o tornava um rei absoluto. Só após a sua morte é que me dei conta que ele devia ter muitos problemas como todos nós, como o mundo inteiro, mas era do seu feitio tirar tudo isso de letra e simplesmente não comentar sobre as intempéries da sua vida, ao mesmo tempo que, apagava o incendio de todo mundo.

Um nobre. Sim, ele se calava quanto aos problemas mas nunca se calou sobre o lado bom, o lado proveitoso de qualquer situação e foi assim que a vida o tornou farto e rico e expansivo. Passei a vida vendo as mulheres e homens ( esposas, filhos, netos) disputando a atenção do meu avô mas era impossível reclamar, financeiramente, dele. Dava tudo para todo mundo, o que acabou deixando tudo mais claro para mim quando tenho que calcular exatamente da onde vem determinadas reações minhas perante a vida. Sim, menos brilhante que ele, mas muito, muito parecida. Assim como meu primo Marcelo Gama. No entanto, não chegamos aos pés dele, temos ciência disso. É muito dificil para mim conviver com pessoas que não consigam administrar as pequenas coisas da vida com grande categoria e não saibam ministrar todo mundo junto.

Creio que foi por isso que depuz todas as minhas armas e minha parafernalia emocional conforme fui me certificando que o Samir, meu namorado, cuida de todo mundo da vida dele como se fosse a coisa mais natural do mundo sem nunca ouvi-lo reclamar: trabalho, seis filhos, a mãe dos filhos dele, e, para completar, eu, que cheguei chegando, e, claro, fui ficando conforme me certificava a cada dia que ali estava algo do meu avô, a ombridade, uma natureza sem suspiros que cuida dos seus com uma vontade férrea e espontânea onde todos são prioritários. O que ele recebe de volta? sorrisos na face quando ele chega, felizes com a sua presença.


O Samir construiu uma casa muito grande, de quatro andares, que abriga confortavelmente toda a sua familia. Outro dia, ele me disse, entre um gole de café e outro que, ele mesmo, não precisa de tanta coisa, que simplesmente, precisa apenas de uma cama, um quarto, e, claro, amor de uma mulher e de uma vasta familia. Eu, claro, sorri. Cresci vendo essa fita, essa pelicula, esse filme.

Eu me chamo Luciana em homenagem a um homem muito importante na vida do meu avô, que carinhosamente ele chamava de "Papai Luciano", mas que era seu avô, Luciano Loureiro de Mello. Foi quem criou o meu avô quando o pai dele, o Teófilo Andrade Gama, foi atingido por um raio quando falava ao telefone na farmácia de sua propriedade, em Tatui. E hoje estou certa de que meu primo, o Luciano Gama Ramalho, esse gênio do Phiton, possui o nome por homenagem também. No caso, penso eu, por causa do mesmo nome, eu e o Luciano temos uma ligação mais direta com o Vovô Luciano; do pouco que sabemos, um sujeito pacato, que criou os netos, Silvia, Eunice, Mauricio e Murilo.


Vovô Luciano era boiadeiro, não tinha propriedades, mas viajava comumente para Minas levando e trazendo bois para o interior paulista. Foi em Minas que importou Teófilo, recém formado em farmacia, para casar com sua filha Anésia, mamãe Nesita para os íntimos, depois conhecidissíma como Anésia Loureiro Gama, professora importante, nome de grupo escolar em São Paulo, rua em tatui, etc.

Posso dizer com segurança que não era nada comum possuir diplomas nas poucas faculdades existentes no Brasil do XIX. Nesse sentido, é simples imaginar que Teófilo de alguma forma possuia uma familia para lá de remediada, que permitiu que ele fosse um doutor em Farmácia, na faculdade de Ouro Preto. Creio que é essa a linhagem dos inteligentes da familia. Não são poucos. Aqui incluo, fora os já citados, o Paulo Gama Aires, filho da Tia Cecilia e neto da Tia Silvia, irmã querida do meu avô bem como as filhas da Tia Ana Maria, a Cris e a Andreia, mas elas também são Castrucci, por parte do pai e avô, garantia de inteligencia dupla.

Infelizmente, sei muito pouco sobre os filhos e netos do Murilo, irmão querido do meu avô e por isso não posso comentar sobre eles, sobre quem gosta de mudanças ou sobre quem é o inteligente alí. Uma coisa apenas eu tenho certeza, deve haver. Só não sei quem, ainda. Tio Murilo ficou em minha lembrança como um amador de pássaros, assim como meu avô, outra constelação da familia, os pássaros, que recaiu sobre meu tio Mauri, meu tio Tata, meu primo Marcelo, e eu, um pouquinho. Uma coisa é certa, alguém, acima deles amou também os pintassilgos.

Eu creio que é do Vovô Luciano, esse lobista do boi dos outros, que andava de lá para cá, sem parada, que está a chave pelo gosto de mudança de lugar que se apodera da minha mãe, da minha tia Maria lucia, dos meus primos Ricardo e Guilherme Gama Ramalho, do meu primo Marcelo Cardoso Gama, Maria Silvia, Mário e eu. Acho que os filhos do Tio Armando Carlos podem ser inclusos nessa lista quando o assunto é boiada. Somos todos bem corajosos quando o assunto é arrumar a malinha.
E ponto final.















sábado, 1 de agosto de 2009

Queridos Amigos


Tudo, que nada nonada, caminha pela aventura Maria Adelaide Amaral, aos meus queridos amigos, como nomeio e engasgo depois de maio quando fiz meus 43 anos:

Anna Rachel Machado. Depois de uma volta ao médico e na volta para casa escreveu, ela, poeta, um email onde eu estava inclusa:

Je n´aime pas du tout repasser ce genre de chose, mais...l´union de Fernando Pessoa, avec les mots de Brel, traduits par Chico Buarque, avec la voix de Maria Betânia me semble quelque chose que je peux appeler de "poésie totale". Bises à vous tous, partie de mes amis qui, à n´ímporte quel période de ma vie, m´ont fait apprendre à jamais laisser de "rêver des inacessibles rêves" .Bises. Anna Rachel.

De outra feita, Duda Sinkevisque me escreve um longo email, relembrando situações inusitadas com palavras que passamos juntos numa data perdida na lembrança mas relembradas no email. neste, me informa que conseguiu retomar contato com a Monica Vendramini, uma querida amiga, dos queridos amigos, falta eu conseguir retomar também.

Retomei uma conversa superbonita, familiar, com a Silvinha Macedo, minha prima irmã, e com O Rodrigo Macedo, meu primo irmão que eu nunca vi e que me conhece de fotografia, aquela que está a familia toda. Ele já é pai e fiquei emocionada quando constatei isso no facebook e pensei: ei, esse cara é meu primo..." tivemos uma longa conversa, e, descobri que ele é pai de uma linda judiazinha chamada Alice, nome também da minha avó, mãe do meu pai, tio dele.

Depois da despedida na rua Simão Alvares, na frente do taxi, em setembro do ano passado, no meu último dia de São Paulo(sim, eu fiquei na calçada vendo o taxi atingir a esquina), Douglas Bohm e Peter, chegam aqui dia 30 de agosto, o que significa muita coisa para mim, uma vitória, e, eles chegam para sempre. Sem passagem de volta.

A Tahia Macluf também chega para o Yom Kipur, animadíssima, e essa viagem eu vou ver de perto, pois será diversão garantida a Tahia por aqui. Minha mãe faz menções de pousar, enfim, em Jerusalém no mesmo mês, o que acalenta a minha alma. Estou com muitas saudades da minha mãe Ana Lucia. Ilana Bekin também está com o pé quase aqui.

E eu vou receber todo mundo. Estava prestes a passar uns dias no Brasil mas não será preciso. Quando cheguei aqui parecia que estava no Guarujá, sim, no centrinho tomando sorvete, de tanta gente conhecida que se encontrava na rua, muitas, que eu conhecia de vista e de chapéu, como diria Duda e Machado de Assis.

Neusa Romano vai estrear e encarnar a Araci de Almeida num musical em São Paulo "Eu sou o Samba" e o Gabriel, filho dela, já fez um ano e quatro meses. Está lindo.

Anna Villa no fim da saga entregar a tese e eu junto. Horas e horas debruçadas sobre pranchas e fotos de colunas so século XVIII o que me obriga a resgatar muita preceptiva sem nenhum exemplar por perto. Eu e o Ernest Curtius. Tenho que citar de lembrança. Claro, depois de anos tabulares elas não sairam de mim.

E Amilcar Torrao continua em Berlim. Uma ausência e tanto, completamente perdida sem ele. Tudo aqui, por sua vez, se resolve rapidamente, muito prático, trabalho, universidade e namoro, e o dia é curto, e a vida também. E D' us que me deu um amor no tempo de madureza, como diz Drummond, pois que tenho um amor, ladrilhá-lo.