segunda-feira, 25 de maio de 2009

Sobre Pernilongos


Chamados iatush, iatushim em Hebraico. Chegaram junto com o verao e transformaram minhas noites num inferno coberto com o lencol. O Samir queria saber porque ao inves de reclamar eu nao comprava um repelente. Meu hebraico nao eh o suficiente para explicar para ele minha ideologia sobre os pernilongos . Eles sao imigrantes pensava eu. Nunca vi tao grandes e pernas tao longas. E sao meio boboes. Completamente boboes. As moscas tambem. Elas nao sao como as brasileiras que saem correndo antes que voce chegue perto. As daqui sao umas tontas. E entao, no ultimo mes adquiri o habito de mata-las, me divertindo, um prazer enorme, nunca consegui matar uma mosca antes e os pernilongos nem se comenta. Parece que esperam minhas havaianas. Eu estava sentindo um prazer enorme com tudo isso mas de noite, enquanto dormia, eles zombavam e se vingavam de mim. O Samir cansou de toda essa minha historia e deu ordem expressa para eu comprar o repelente: "Shlomit, vc nao tem que ficar subindo na cama de chinelo na mao, me explicou, tem repelente no supermercado"
Eu queria explicar para ele que tenho dificuldades, ainda, com o modo de vida Israelense, que na verdade eh super pratico: tudo, tudo que se vende, eh tamanho familia ou vende aos montes, como se fosse atacado. Nesse contexto, eh impossivel comprar 4 papeis higienicos, um saco de algodao, um pequeno shampoo, uma gilette ou um sabonete soh. Voce compra de batelada e a coisa dura quatro, cinco meses, ateh voce esquecer que elas existem. Na pratica eh muito melhor e a conta, diluindo, eh bem mais barata do que no Brasil. A dona de casa daqui nao precisa pensar na materia, nessas parcas coisas. Acabou? Compra-se para seis meses...todas as casas por conta disso possuem dispensa superlotada de esponjas, material de limpeza e essas coisas uteis que transformam a gente em miseros seres humanos.
E entao era essa minha historia com o repelente. Comprei repelente para 90 dias. Aparentemente, vencerei minha guerra com os pernilongos mais uma vez. Mas sem sujar minhas havaianas e paredes. Uma guerra fria. Sem sombra de Clarice Lispector que , acho eu, iria se sentir pesarosa com a crueldade e o prazer que sinto ao mata-los com as minhas proprias sandalias.

Um comentário:

Rabino Uri Lam disse...

Querida Shlomit Or, adorei a história dos pernilongos! Graças a Deus eles parecem não gostar da região do Shuk, porque não chegaram até o meu apê. Deixei todos prá você. Mas eu não pensaria 2 vezes antes de comprar um repelente (vi no supermercado para 30 dias, iguaizinhos aos que têm no Brasil)
Sobre ser tudo no atacado, realmente é impressionante. Comprei papel higiênico quando cheguei, e não terminará tão cedo. Shampoos são todos tamanho família. se cansar de um, ou paciência, ou fará coleção de shampoos em casa. Pilhas! precisava de uma, tive que comprar oito. Ah, com o que economizar no repelente, precisará de algum limpa-tudo para tirar as marcas dos pobres voadores das paredes. Mas zumbido de pernilongo nem o Dalai Lama, conta-se, suporta! beijos e chag sameach