quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Vidro Vivo

Tava lavando os vidros de geléia e tirando os rótulos. Sempre volto a adquiri-los quando  saem na primeira torneirada. Os fabricantes parecem simpáticos quando usam uma cola simpática. Gosto de reutilizar vidros. Me sinto útil. Obviamente, eles são quase inuteis para mim mas  tenho uma lembrança afetiva da minha avó Teia que possuia uma estante inteirinha de vidros de maionese e nescafé no quarto dos fundos. Depois, eles iam guardar pregos, tachinhas, botões. Era um universo de minimalismo. Anos depois descobri que o Walter Benjamin possuia a mesma tara que a minha e exatamente pela mesma coisa: caixas de costura, latinhas com colchetes, carretéis, agulhas. Tá lá no Rua de Mão Única.
Eu também colecionei vidros de requeijão que viravam copos e minha mãe achava o Ó. Mas o requeijão estava acabando sua versão em vidro e eu tratei de guardar. Uma bobagem dessa fez com que eu e a Ana Villanueva descobrissemos mais coisas em comum. Ela também colecionava copos de requeijão na sua monumental casa museu em Campinas, restaurada por ela e motivo de tese na FAU- escrita e orientada por ela mesma- para descabelo do orientador. 
O copo de requeijão, além das brincadeiras no quintal da minha bisavó Ica, quando éramos mais infantis do que somos, e, o apego ao narciso que não nos deixa, alicersou mais nossa amizade.
Pois bem. Mas estou contando tudo isso só porque me lembrei  que no auge do divórcio da Ana Villanueva, o ex-marido brigou para ficar com os copos de requeijão. 
O que valeu para a gente taças e taças de vinho nos meus melhores boemias, com gargalhadas, claro.


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