quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Jerusalem de Taipa

Ver o dia nascer em jerusalem eh deveras bonito...a gente sente uma vontade enorme de fazer tudo mas principalmente nao se arrepende de ter acordado tao cedo, assim, seis da manha...

Mas fui trabalhar. Trabalhei cinco horas e meia sem parar. A Aielet foi para Tel Aviv e fiquei sozinha. Foi legal tambem. Vi o catalogo de vestidos novos que ela estah confeccionando, maravilhosos e bonitos como ela. Nos damos muito bem e ela eh bem carinhosa comigo o que faz com que eu trabalhe na boa para ela, com carinho tambem. Por causa disso nunco chego esbodegada do trabalho. 

e por falar em carinho: recebi um email ultramegasuperblaster carinhoso do Marcello Moreira e cai no berreiro. Por essa eu nao esperava. O berreiro, digo. Tivemos uma vida incomum em comum. Na epoca foi uma maluquice mas o impacto de conviver com um dos maiores intectuais do Brasil, na mesma casa -nao, nao era na mesma, conseguimos o feito de alugar uma casa enorme com duas casas dentro- reverbera ateh hoje. Dividiamos as contas, os livros, os meus ataques, os ataques dele, os cachorros, a comida, e a Dora, uma pessoa maravilhosa que trabalhava para a gente mas era do MST, e , vivia faltando para fazer assentamento. Eu, encobria. 

O quintal de casa, ou, o que sobrou dele para andar, era lotado de orquideas e cactaseas que o Marcello multiplicava sem parar em sementes e mudas. Tudo gestacao para ele colocar no Arboretum, floresta que o Marcello constroi ha anos em Vitoria da Conquista. Ele escrevia  e plantava arvores sem parar.

De uma feita, descobriu um cacto azul na caatinga. Rarissimo.  botanicos procuravam esse cacto. Por conta disso foi parar em casa um ingles chamado John, diretor do Kilt, jardim botanico de Londres. Recebemos o ingles com toda pompa, pudim de leite condensado e toalha de renda nordestina. O cara chegou todo sujo, de colete beje, com botas cheia de bosta. Foi bem engracado. 

Tambem nao da para esquecer aquela viagem fabulosa, onde eu sossegadamente lia os Sertoes, e fiquei 24 horas presa numa enchente em Minas Gerais. Eu levava comigo no bagageiro do onibus quadros da Tarsila do Amaral, original, e outros artistas importantes para o Marcello ( que tambem eh colecionador de arte). Detalhe dessa operacao: O Cello me pediu, por favor, para eu levar os quadros comigo no banco do Onibus...pois bem, eu coloquei no bagageiro. A nossa parada durou 24 horas porque no meio da enchente o motorista do onibus avisou que poderia passar mas que molharia o bagageiro...enfim, eu nao deixei  e ficamos parados 24 horas com o onibus inteiro me xingando. Naquela viagem li a Terra e o Homem.
Vitoria da Conquista. Minha Jerusalem de Taipa.




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